maio 19, 2010

O Livro das Ilusões - Paul Auster

"Após a morte da mulher e dos filhos num acidente de avião, David Zimmer entra em depressão. Para tentar fugir ao desespero, entrega-se à escrita de um livro sobre Hector Mann, um virtuoso do cinema mudo dado como desaparecido em 1929. Publicada a obra, David aceita traduzir as Memórias do Túmulo, de Chateaubriand, e refugia-se num lugar perdido para fazer face à hercúlea tarefa que se impôs. É então que recebe uma estranha carta proveniente de uma pequena cidade do Novo México, supostamente escrita pela mulher de Hector: «Hector leu o seu livro e gostaria de encontrá-lo. Está interessado em fazer-nos uma visita?» Trata-se de uma impostura ou Hector Mann está realmente vivo? Zimmer hesita, até que uma noite uma jovem mulher lhe bate à porta e o obriga a decidir-se, transformando para sempre a sua vida. Contada pela jovem mulher, a história do extraordinário e misterioso Hector Mann é o fio condutor o presente romance. Mas o poder narrativo de Paul Auster transporta-nos bem lá para além da magia do cinema mudo e mergulha-nos no coração de um universo muito pessoal, em que o cómico e o trágico, o real e o imaginado, a violência e a ternura se mistura e se dissolvem."

Este é o primeiro livro que leio de Paul Auster, autor que nunca me suscitou grande curiosidade até ao dia em que passei pelo blogue Os Meus Livros e Paul Auster surgia como sendo um escritor a não perder. Tendo em conta os livros fantásticos lá mencionados, para mim foi óbvio que o Paul Auster teria que entrar para a minha lista de escritores a ler. :)
Demorei mais do que o normal a ler este livro, não que não estivesse a gostar, mas sim porque ando menos concentrada na leitura e, para ajudar, as alergias primaveris deixam-me meia zombie. :/

Não sei bem o que dizer acerca do O Livro das Ilusões, pois é mais do que um simples livro que conta a história de David Zimmer, um professor escritor (ou vice-versa) e Hector Mann, um actor de filmes mudos.
David Zimmer volta a rir, com os filmes cómicos de Hector Mann, depois de ter perdido a mulher e os dois filhos num trágico acidente de avião. Deprimido e completamente perdido, agarra-se aos filmes de Hector e decide escrever um livro sobre eles. Dá desta forma sentido à sua vida, esquecendo por momentos a dor que sente pela perda da família e a culpa que carrega com ele.
Hector Mann, um actor cómico de filmes mudos, dono de um bigode com personalidade própria, era um jovem com uma carreira promissora no mundo do cinema até ao dia em que desapareceu misteriosamente para nunca mais ser visto.
Sobre Hector mais não posso dizer para não revelar demasiado, basta apenas acrescentar que, quando Hector entra na vida de David, passaram-se já mais de sessenta anos desde o seu desaparecimento e já ninguém se lembra dele e do seu prodigioso bigode.
Alma é uma mulher com uma marca de nascença que lhe divide o rosto ao meio, de um lado a perfeição, do outro aquilo que ela considera ser uma janela aberta para a sua alma. É através dela que vamos conhecendo a história por detrás do desaparecimento de Hector e, é por causa dela que assistimos ao renascimento de David.

Basicamente a história é esta. Não acho que me deva alongar muito mais porque é, como disse um livro difícil de descrever.
Senti em cada frase a possibilidade de n interpretações e, em todas elas um significado mais profundo. As histórias, mais ou menos paralelas, dos filmes de Hector Mann são mais do que meras descrições, são uma forma de conhecermos as personagens e os seus medos.
Um dos filmes referidos no livro, o The Inner Life of Martin Frost, acabou mesmo por saltar para a realidade, realizado pelo próprio Paul Auster e co-produzido por Paulo Branco, tendo sido filmado em Portugal, em Azenhas do Mar, Sintra.

Não é um livro alegre, embora fale de filmes cómicos, é um livro repleto de contratempos e reviravoltas iguais aos que a vida nos reserva. Quando achamos que a vida já não vale a pena, eis que esta nos dá uma nova oportunidade. Quando achamos que tudo se resolverá, eis que a ela nos troca as voltas novamente. No fim, o que fica é que desistir não pode nem deve fazer parte do nosso vocabulário porque, sabe-se lá o que nos reserva o dia de amanhã. :)
Gostei muito da escrita do Paul Auster e vou, de certeza ler mais livros dele. E, já agora os agradecimentos a quem de direito, ao Manuel Cardoso do blogue Os Meus Livros, pela sugestão.

Continuação de boas leituras! ;)

8 comentários:

  1. Pega numa tragédia, envolve-a em humanidade e transforma-a em alegria. Eis Auster!
    Primeiro, neste livro, impressionou-me a força com que Auster descreve o sofrimento humano; depois a arte de transformar todo esse sofrimento em esperança!
    Fiquei feliz por saber que te convenci a ler Auster. É, de facto, o meu escritor contemporâneo preferido e fico ainda mais feliz por teres gostado.
    Um abraço e obrigado pela referência ao meu blog.

    ResponderEliminar
  2. Vim só espreitar qual será o próximo.
    Já o li e numa edição parecida, depois de ter visto o filme e uma série na televisão.
    um beijinho e amanhã volto para ler com atenção o post :)

    ResponderEliminar
  3. Não resisti a ler agora :)
    Ainda não li nada de Paul Auster, mas fiquei interessada em ler este ou outro :)

    ResponderEliminar
  4. Manuel: Acho que foram essas as palavras que me faltaram para descrever o livro. É mesmo isso que ele faz! :)

    Redonda: A Leste do Paraíso é só um dos livros que mais gosto! Esta é a 3ª vez que o vou ler. Ando mesmo desconcentrada para novas leituras... :)
    Fazes bem em ler Paul Auster, foi uma boa descoberta. Beijos

    ResponderEliminar
  5. Nunca li nada do autor mas é um dos que tenho muita vontade de ler em breve.
    Gostei da opinião.

    Tns um novo selo no meu blog, se interessar: http://florestadelivros.blogspot.com/2010/03/selos.html

    ResponderEliminar
  6. Ana: Lê que provavelmente vais gostar. :)
    Obrigada pelo selo! :)

    ResponderEliminar
  7. De Auster li "A Trilogia de Nova Iorque" à qual foi o suficiente para me deixar com vontade de ler algo mais da sua obra. Até ao momento ainda não voltei ao autor, mas a vontade permanece. :)

    ResponderEliminar
  8. "The Book of Illusions" foi umas das minhas leituras obrigatórias de Cultura Inglesa na faculdade. Tenho a impressão que esse foi o único livro que me senti realmente obrigada a ler em todos os meus anos de estudante (nem mesmo "Os Maias" eu li contrariada). Por isso, sinto que não captei com atenção a escrita de Auster. Quem sabe para o ano eu não regresse ao livro.

    Boas leituras :)

    ResponderEliminar