junho 09, 2010

Revolutionary Road - Richard Yates

"Corre o Verão de 1955 e Frank e April Wheeler vivem com um cinismo distanciado o que para muitos dos seus contemporâneos representa o sonho americano: uma ampla vivenda nos subúrbios, duas crianças loiras e risonhas, uns vizinhos simpáticos e, para Frank um emprego em Manhattan bem pago e sem responsabilidades. No entanto, o abismo entre o que pensam das suas vidas e a forma como em realidade as vivem acabará por tornar o seu quotidiano insuportável. Quando April concebe um plano que lhes permitirá finalmente sair da situação em que se encontram, as tensões entre o comodismo e a necessidade de mudança provocarão uma crise mais grave do que poderiam ter imaginado."

Primeira coisa que me ocorre dizer é: como este livro teria sido maravilhoso se eu não tivesse visto o filme! É que, ainda por cima, o filme está bastante fiel ao livro... :/ Porque é que a minha má memória me abandonou neste caso?! Talvez porque o filme é ele também muito bom e, tendo em conta a história que relata, tem cenas muito fortes que não se apagam com facilidade da memória.
O livro é muito, muito bom, um dos melhores que ali até hoje. Não tenho qualquer dúvida em afirmá-lo. A escrita de Richard Yates é de uma clareza e fluidez impressionantes e estou muito curiosa para ler outros livros dele. Tenho até algum receio que este Revolutionary Road tenha sido um rasgo de génio único e irrepetível. Espero que não seja esse o caso. :)

Não posso contar muito da história porque seria mau da minha parte "spoilar" e, desta forma, roubar-vos o prazer de viver a história sem saber o que vem a seguir.
Sendo assim o que posso dizer? Bem, posso dizer que é uma história sobre um casal jovem, Frank e April Wheeler, que apesar de ambicionarem algo grande para as suas vidas acabam a viver nos subúrbios, numa casinha acolhedora e simpática e com dois filhos perfeitos.

É um livro que fala do casamento, de relações e das pressões que a sociedade exerce sobre as nossas vidas, condicionando as nossas escolhas. Fala sobre a dificuldade em crescer e em assumir responsabilidades. Fala sobre a cobardia e o medo que temos de tomar as decisões que nos tirarão de uma situação que já não nos faz felizes. Fala de sonhos desfeitos, ou será que fala de sonhos que são propositadamente inalcançáveis porque sabemos não ter a energia necessária para grandes mudanças e decisões? Fala de infâncias desestruturadas e cheias de desilusões, que nos marcam emocionalmente de formas inimagináveis e que condicionarão os adultos que seremos.
É um livro duro, tenso e angustiante, porque o autor entra bem dentro da cabeça das personagens e, por isso, nós sentimos todo o peso que eles carregam e sabemos de todos os pensamentos que lhes ocorrem, incluindo aqueles que não se verbalizam porque a educação e a sociedade não o permitem e, porque se os verbalizássemos sabe-se lá que estragos seriam capazes de provocar.

O que mais me impressionou na narrativa foi o desapego que ambos tinham aos filhos, a forma teatral como Frank fazia tudo, ensaiando posturas, discursos e quem sabe até sentimentos, e a futilidade de April. Mais ainda, porque ambos se achavam superiores a todos, demasiado inteligentes e interessantes para os subúrbios desprezando todos aqueles que sucumbiam ao "sonho americano". Tão desfasados da realidade que não souberam apreciar o que tinham. Demasiado snobes para admitir que poderiam apreciar aquele tipo de vida ou, para admitir que lhes faltava a coragem para mudar e perseguirem aquilo que desejavam.
Enfim, dizer mais do que isto é desnecessário, até porque este é daqueles livros para os quais devemos ir como uma página em branco, sem grandes expectativas e sem saber muito sobre a história.

Resumindo e baralhando, leiam porque não será tempo deitado fora. Adorei a escrita do Richard Yates e a forma como a história se foi desenrolando e, este foi o seu primeiro romance! Inacreditável... bem, vou tentar conter o meu entusiasmo, respirar fundo e acabar dizendo: leiam e leiam e leiam! :)
Se não estiverem para aí virados (não sei como, mas poderá acontecer...) vejam o filme que também é muito bom, com o Leornardo DiCaprio no papel de Frank e a Kate Winslet no papel de April Wheeler.

Boas leituras! ;)

7 comentários:

  1. Partilho da tua opinião! Ao contrário de ti li primeiro o livro e só a semana passada tive a oportunidade de ver o filme. Como ainda tinha a história bem vincada na minha memória, ver o filme foi como reler passagens do livro.
    O filme realmente está muito fiel ao livro e as excelentes interpretações de Dicaprio e Winslet vêm melhorar ainda mais!
    O livro é sem dúvida uma obra muito boa de Yates, que surpreende até ao final.

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  2. Foi um dos livros em que tive muita pena de ter visto o filme primeiro, porque essas surpresas deixaram de ser surpresas. Mas adorei na mesma porque a escrita é muito boa e acho que até me deixou a gostar mais do filme, cujas interpretações foram excelentes, concordo contigo. :)

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  3. Tenho o livro, mas ainda não o li. Vai subir uns degrausinhos na lista depois de ler o que escreveste :)

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  4. De certeza que vais gostar, quando o leres. :) Eu fiquei surpreendida pela escrita e pela história.

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  5. Ups eu estou como a Redonda tenho o livro e não o li nem estava na lista dos próximos a ler, mas agora já está.
    Bom desde que entrei nos blogs de leitura já não me sinto tão só nas minhas leituras, obrigada por existirem.

    Boas leituras. :)

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  6. Carla, senti o mesmo quando comecei este blogue. Dou por mim a ler coisas que nunca tinha pensado ler e a troca de opiniões é sempre muito interessante. :)
    Espero que goste do Revolutionary Road. :)

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  7. Olá!

    Assisti ao filme e fiquei muito interessada em buscar outras informações e achei seu blog. Você resumidamente falou o que absorvi no filme e muito mais coisas na qual não havia pensando.
    Obrigado.

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