dezembro 15, 2013

As Memórias de Cleópatra (1º Vol) - A Filha de Ísis - Margaret George

Título original: The Memoirs of Cleopatra
Ano da edição original: 1997
Autor: Margaret George
Tradução: Sérgio Gonçalves
Editora: Saída de Emergência
"A autora do best-seller mundial A Paixão de Maria Madalena está de volta com um convite irrecusável: a visita ao Antigo Egipto e à vida de Cleópatra, a rainha do Nilo. Escritas na primeira pessoa, As Memórias de Cleópatra começam com as suas recordações de infância e vão até ao seu glorioso reinado, quando o Egipto se torna um dos mais deslumbrantes reinos da Antiguidade.
As Memórias de Cleópatra são uma saga fascinante sobre ambição, traição e poder, mas também são uma história de paixão. Depois de ser exilada, a jovem Cleópatra procura a ajuda de Júlio César, o homem mais poderoso do mundo. E mesmo depois do assassinato daquele que se tornou o seu marido, e da morte do segundo que amou, Marco António, Cleópatra continua a lutar, preferindo matar-se a deixar que a humilhem numa parada pelas ruas de Roma.
Na riqueza e autenticidade das personagens, cenários e acção, As Memórias de Cleópatra são um triunfo da ficção. Misturando história, lenda  e a sua prodigiosa imaginação, Margaret George dá-nos a conhecer uma vida e uma heroína tão magníficas que viverão para sempre."

Não me vou alongar muito nesta opinião, uma vez que, A Filha de Ísis é apenas o primeiro volume das Memórias de Cleópatra.

Este é o volume onde a própria Cleópatra relata os primeiros anos do seu reinado, como Rainha do Egipto. Começa por falar um pouco da sua infância e da família, do pai e dos irmãos e da relação com eles. Sem este enquadramento da história e tradição dos Ptolomeu, descendentes de Alexandre, muitas das decisões e acções futuras seriam questionáveis.

Cleópatra conta como conheceu e se apaixonou por César, na altura o mais destemível e temido general das forças romanas à conquista do mundo. Um homem muito mais velho, com enorme carisma, um poder imensurável, enfim... um homem irresistível e que, quando está junto de Cleópatra, demonstra ser apenas um homem.
Grande parte deste primeiro volume concentra-se na aliança política e pessoal que Cleópatra vai manter com o homem mais poderoso do mundo. Com o apoio dele recupera o trono do Egipto e, é também por ele que é mantida a independência do seu reino, não sendo o Egipto anexado como parte do Império Romano.

Cleópatra é apresentada como uma mulher moderna, com ideias e ambições próprias e uma boa estadista, com capacidade para gerar consenso. Não é dona de uma beleza estonteante, é sim, exótica e carismática. Aposta tudo na sua relação com César, principalmente por amor, genuíno e desinteressado, mas também porque sabe que é, naquele momento, a única forma que tem de continuar a ser a Rainha do Egipto.
Este primeiro volume termina pouco depois da morte de César, assassinado às mãos do seus supostos aliados. Termina com Cleópatra a regressar a Alexandria depois de uma prolongada temporada em Roma onde cimentou a sua aliança a César, agora morto.

Gostei deste primeiro volume, mas não fui de todo arrebatada por ele. Acho a escrita de Margaret George pueril, demasiado próxima da de um romance de cordel. Num romance histórico, deixam-me um pouco desconfortável, os suspiros e os devaneios de adolescente de Cleópatra. Faz-me confusão, uma rainha, deixar tanto tempo o seu reino para estar junto do seu grande amor, embora tenha sido importante para vincar a sua posição, achei despropositado. No entanto, como não faço ideia do que, nesta história, é real ou ficcionado, para além dos grandes acontecimentos, é claro, até pode ter-se passado assim... :)

Achei-o por vezes cansativo, ela prolonga demasiado o relato dos acontecimentos e, embora seja claro para mim que vou ler os outros dois volumes, também foi claro, desde muito cedo que não iria lê-los de seguida. Sinto necessidade de espaçar a leitura e mudar de tema...

Gostei dos ambientes criados, tanto os egípcios como os romanos. As festas e as celebrações, a forma como se comportavam foram das partes mais interessantes do livro. Gostei muito da personagem de César, mais até do que da Cleópatra. Talvez a Cleópatra mais velha e experiente me cative mais nos volumes que se seguem.

Resumindo, gostei. Vou ler de certeza os dois volumes que faltam - O Signo de Afrodite e O Beijo da Serpente - mas estou a fazer figas para que estes dois sejam mais arrebatadores.

Recomendo. A época é só por si cheia de acontecimentos e as personagens tem potencial para serem muito boas de acompanhar. :)

Boas leituras!


Excerto:
"Na  parede de trás da sala, vi primeiro a estátua, maior do que um homem normal e orgulhosa no seu pedestal. E aos seus pés... um monte de roupas manchadas de sangue, com os pés à mostra, pés que pareciam muito pequenos para serem os de César.
Imediatamente o alívio: não era ele.
Aproximei-me do monte de roupa inerte, retendo a respiração, certa de me deparar com outra pessoa. Ajoelhei-me e com a mão tão trémula que mal conseguiu segurar o tecido, levantei a toga e vi o rosto de César.
Gritei quando o vi e soltei o tecido. Os seus olhos estavam fechados, mas ele não parecia dormir. Estava de uma forma que nunca o vira antes. Mentem aqueles que dizem que um morto parece dormir. Depois, quando me controlei, levantei o tecido de novo e afaguei o seu rosto: frio, como se a frieza do chão de mármore tivesse passado para dentro dele, tomando conta do seu ser."

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